quarta-feira, 28 de abril de 2010

Língua Pátria

Olá!

Como vocês podem ver está de volta a acentuação em língua portuguesa no meu teclado!
áéíóú!
Caçada!
Aguilhão!
Plenipotenciário!
Energúmeno!
Archote!
Ei... peraí... archote não tem acento!
Tudo bem, tá valendo assim mesmo.
A falta de acentuação acentuou (perdoe o chiste) a saudade da língua mãe... Uma das coisas que a gente sente muita falta por aqui é falar a própria língua. Especialmente no meu caso, que estou em uma cidade que tem pouquíssimos brasileiros e que falo minha própria língua só à noite quando ligo para casa e troco uns minutos de conversação em bom português.
Ok, talvez eu esteja exagerando... Aqueles que me conhecem sabem que não sinto taaaaaaaaaaanta falta assim de falar, seja em português, inglês ou esperanto... A minha natureza me faz um melhor ouvinte do que um falante. Mas sinto falta de ouvir e ler a língua portuguesa, especialmente bom português. Depois de ficar algum tempo sem falar português no dia-a-dia, os brasileiros aqui falam uma versão "simplificada" da língua, se é que vocês me entendem... Se bem que no Brasil a coisa não está muito diferente, não. Eu ouvia cada atrocidade quando estava lá... Especialmente da turma pós-patota... Na verdade a comunicação em língua portuguesa virou meio que um campo de batalha onde muitos atiram, mas só um é atingido: a própria língua.
Meu refúgio? Beber na fonte daqueles que ajudaram a construir a fortaleza onde se abriga, bela e altiva, como uma princesa em uma torre de castelo, a divina língua de Camões...
Dá só uma espiadela aí embaixo...





CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!



Carlos Drummond de Andrade


Tenham todos uma boa noite e fquem com Deus.

Um comentário:

  1. Realmente Mêncio! Não é preciso estar à léguas de distância para sentir tanta falta da língua pátria. É um tal de inventar moda, de falar Internetês, seje, esteje, menas...que me tira igualmente do sério. Um abraço e um beijo em todos da família.

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